Só hoje

A necessidade de desafogar tudo o que sinto, em simples palavras que relatam a minha complexa vida já ultrapassa o hábito, é mesmo uma necessidade que sinto. Sinto (que tenho) uma irregularidade no meu organismo, a ausência de afecto, a carência de alguém que me abrace e me provoque desejo nunca existiu, atravesso quase metade de um centenário e sem ninguém que ouça, toque e me faça sentir eu mesma. Amigos tenho, mas preciso de mais cumplicidade, conivência. De laços fortes que me fortaleçam as recaídas(...)
Enquanto seguia em direcção de um jardim, duas ruas acima da minha casa, avisto alguém, a atracção foi tal que os meus olhos penetravam-no de cima a baixo vezes sem conta, foi fatal. O desejo era incontrolável, a vontade de ir sem voltar era ainda maior. Mas não! Fiquei, reflecti e desviei o olhar(...)
Cheguei a casa e deitei-me.

P.S: Porque é que estou só? Quero(-te) tanto! Tanto tanto!
(Autor: Marta Conceição)

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