Não sei se existes...


Compôs uma música num farrapo de papel, sujo e barato. Tentei rimar as palavras que me lembravam tempos e vidas passadas. Escrevi-te na minha música, nas partes mais sensíveis. Cada vez que inseria o teu nome, com as cinco letras que te pertencem, escorriam-me bagos de água pelos meus olhos escuros. A vitalidade de que me preenchias fazia tornar aquela canção, mais verdadeira que tantas outras que ouvia na rádio e faziam lembrar-me de ti. Queria fazer-te uma surpresa, uma surpresa única e nossa. Queria surpreender-te com um papel vulgar mas com um significado único, e então quando me preparava para te enviar a canção, largas-me no vazio, no inesperado. Fiquei sem nada com que me amparasse, apenas a canção de refúgio. Fiz com que as minhas palavras tapassem as tuas. Mas não consegui, já formava um aglomerado de desatinos, quiseste-me quando não te pude ter, e quando te tive, largaste-me como um simples casaco que deixas todos os dias no bengaleiro.
(Autor: Marta Conceição)

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